Imaginemos: uma mercadoria partindo da cidade do Recife para ser entregue em São Paulo, capital. O transporte responsável pelo trajeto tem uma rota definida pela logística. Ao sair da rota, indo por destino diferente, Brasília por exemplo, diz-se que houve um desvio de percurso ou que simplesmente que o transporte se desviou. Sob essa ótica, desviar-se é sair do caminho determinado. Ao desviar-se, pode-se dizer que o transporte que saiu de sua rota perdeu-se, seja essa perdição provocada ou não. E muitas vezes, ou sempre, a fuga do destino acarreta em consequências graves.

Sobretudo, tem-se que ter em mente que, se houver desvio no percurso, houve falhas no processo. Sejam essas falhas por parte de que planeja, seja por parte de quem executa. O que se deduz que o processo é passível de falhas, possui brechas, sendo um processo pífio, carente de reparos e por isso desacreditado. Por incrível que pareça, há quem transfira essa fragilidade toda para o plano salvador. Funciona assim: Deus (logo quem, Deus o Grande Eu Sou), pois bem, Deus arquitetou um plano desde a eternidade, plano este que possibilitou ao homem a vida eterna e tudo isto de graça, sem participação humana nenhuma, somente por um ato de fé cofiança naquilo que já foi consumado pelo Salvador. Agora, estando de posse da vida eterna (que tamanho tem a vida eterna?), o miserável do pecador teria que trabalhar, ser fiel, obedecer, carregar a cruz, andar pelo caminho apertado, ou seja lá que nome queiram dar, para assim não se desviar e ter que perder a vida eterna (que neste caso não seria eterna).

Os que admitem a possibilidade absurda (absurda no sentido mesmo da palavra) de alguém se desviar do Senhor e assim perder a salvação admitem também, por força da lógica, que a salvação é um processo e não um ato de fé confiança no sangue do Senhor e que houve falhas no plano da salvação, arquitetado pelo próprio Deus. O homem que nasceu de novo pela invocação do nome do Senhor, única e exclusivamente, teria que desnascer para poder voltar ao estado de perdido. Tal anomalia não existe nem no reino da fantasia. Acredita-se que a doutrina do “desvio” nasceu da incredulidade dos religiosos. E como coisa própria de incrédulo é querer merecer, todos que pregam a possibilidade de um salvo vir a perder-se pelo desvio acreditam na salvação pelas obras. Se a salvação é um processo a ser conquistado pela “perseverança” do candidato a salvo, já não é pela graça. Mas como pouca desgraça é bobagem, os que pregam o “desvio” geralmente não dão o braço a torcer para não veem suas vaidades escancaradas e dizem que não, a salvação é pela graça mesmo. Mas quando são colocados a prova, negam a eficácia do sangue do Senhor sobrepondo suas obras.

“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” I Timóteo 4:1.

O texto acima diz tudo o que os pregadores da salvação “hoje sim amanhã não” não querem ouvir. O texto diz que nos últimos dias, e se agora não forem os últimos dias não será nunca, alguns apostatariam da fé, mas não da fé salvadora. Isso não cabe nem na cabeça e um alfinete. O texto de I Timóteo 4:1 afirma que alguns se desviariam da fé conjunto de doutrinas. Desviar-se do arcabouço doutrinário não é desviar-se da salvação. E estão desviados da fé conjunto de doutrinas, isto sim, todo aquele que prega e ensina a “doutrina” do desvio. E no desespero de manter suas ovelhas sempre dóceis, os pregadores do “desvio” citam textos da lei, dos salmos, das parábolas e textos escatológicos, todos os textos na sua maioria direcionados exclusivamente aos filhos de Israel. Os pregadores dessa coisa, a “doutrina do desvio", é que estão desviados pelo ensino à margem da Palavra de Deus. Se salvos, hão de passar sérios vexames perante os olhos do Senhor. Quem não deve, não teme!

Aos remidos, graça e paz!