A palavra do Criador do Universo, Universo que conta com 70 sextilhões de estrelas, entre elas Antares (noventa milhões de vezes maior que o Sol), Sol que tem a massa superior a 1 milhão e trezentos mil planetas Terra, a palavra do Criador, pois, deveria ser tratada com toda reverência possível, com todo cuidado e com o devido zelo. A sentença lá do Velho Testamento, e que dizia respeito aos serviços prestados a Deus pelos filhos de Israel, ecoa também na dispensação da Graça, porquanto, nos tempos da Lei fazer a obra do Senhor descomprometida já Lhe causava desprazer, que dizer, então, da obra que envolve a vida e a morte do Seu próprio Filho? “Maldito seja quem fizer negligentemente a obra do Senhor” Jeremias 38:10.

Existem pregadores que ao invés de defenderem as verdades da Graça as atacam, e o prejuízo é, às vezes, incalculável. Neste mundão religioso, denominado de “Cristão” sobejam os que defendem com unhas e dentes serem donos da verdade. E se seu movimento lá tiver tradição histórica, suas verdades particulares são colocadas acima de qualquer coisa, até mesmo da verdade única da Palavra Daquele que criou o Universo.

Uma dessas pérolas que servem como boia de salvação para muitos religiosos (fora os casos de revelações extras ao sabor dos credos) é o caso do Artigo 26 da Primeira Confissão Londrina de 1642/44. Lá está dito:

“O mesmo poder que converte para a fé em Cristo é o mesmo poder que ajuda a alma diante de todas as responsabilidades, tentações, conflitos e sofrimentos. Todo aquele que é um Cristão, é pela Graça e pela constante operação renovadora de Deus, sem a qual nunca poderia cumprir nenhuma incumbência para Deus ou resistir a nenhuma tentação de Satanás, do mundo e do homem”.

Primeiro, os iluminados do século XVII esqueceram de explicitar o que seria o “poder que converte para a fé em Cristo”. Não explicitaram porque não existe nas Escrituras Sagradas a informação de que existe um “poder” que sai convertendo as pessoas por aí. Existe sim, um poder que CONVENCE as pessoas do pecado, da justiça e do juízo: “E, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” João 16:8. Ele, o Santo Espírito, CONVENCE e não CONVERTE. A tarefa de converter e de crer cabe diretamente ao homem. É assim que está escrito: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR" Atos 3:19. "E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê.” Atos 13:39. “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” Romanos 1:16. “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.” Romanos 10:4 etc.

Depois, tomando o termo “Cristão” aqui como “Salvo”, porque é essa a conotação, o que seria a “constante operação renovadora de Deus” sem a qual o salvo nunca poderia cumprir nenhuma incumbência (?) para Deus ou resistir às tentações de Satanás? Ora, se a “renovação” for entendida como uma renovação constante da fé salvadora para que o salvo permaneça salvo, uma espécie de “perseverança”, estaria isto conforme a verdade de Deus? Averiguemos.

Deus promete vida eterna a todos os que creem em Jesus Cristo? Isso parece ser uma verdade incontestável e irrefutável, mas não é! De verdade mesmo só tem a aparência. Quem anuncia o evangelho da graça do Senhor Jesus não pode dar a ninguém o consolo da paz com Deus sem a invocação do Senhor e não pode negar a ninguém a certeza firme, inabalável, inquestionável da salvação eterna do tipo prego batido e ponta virada! Não existe nas Escrituras gregas, de antes e de depois da cruz, nenhuma promessa da parte do Todo Poderoso de vida eterna para os que creem no Senhor Jesus Cristo como seu salvador, como se a salvação ainda dependesse de uma perseverança por parte do salvo, seja essa perseverança de total responsabilidade do salvo ou concedida por Deus numa espécie de ajuda. EXISTE SIM uma promessa, mas para os que crerem.

Os que creem, presente do indicativo, não tem de Deus promessa de vida eterna, porquanto, ao depositarem confiança no poder e na eficácia do sangue do Senhor Jesus, RECEBERAM o selo, o penhor e o batismo com o Espírito Santo, passando de criaturas de Deus a filhos, como consta: “Se com a tua boca confessares o Senhor Jesus e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” Romanos 10:9. COFESSARES e CRERES estão no futuro do subjuntivo: não existiu nenhuma ação de fato. O verbo SALVAR está flexionado no futuro do indicativo SERÁS SALVO. Tão logo, entretanto, a condição imposta pelo subjuntivo seja satisfeita, quer dizer, o nome do Senhor seja invocado, o que era futuro do subjuntivo passa a ser PRETÉRITO ou PASSADO. E o verbo SALVAR deixa de estar no futuro do indicativo SERÁS, passando também para o PASSADO, FOSTES!

Neste contexto, afirmou o apóstolo: “Não RECEBESTES o espírito de escravidão para outra vez ESTARDES em temor. Mas RECEBESTES o Espírito de adoção de filhos pelo qual clamamos Aba Pai”. “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus, e porque sois filhos, Deus ENVIOU aos nossos corações o Espírito de Seus filho que clama: Aba, Pai.” Romanos 8:15,16 e Gálatas 4:6. Paulo esteve escrevendo a remidos, a pessoas que haviam confiado no poder do sangue do Senhor Jesus e que o tinham invocado. Isso não vale para alguém que não tenha aberto mão de sua presunção e de seu orgulho e que já não tenha admitido necessitar da eficácia do sangue do Filho de Deus. "Na verdade, na verdade vos digo quem quem ouve a minha palavra, e CRÊ naquele que me enviou, TEM vida eterna, e não entrará em condenação, mas PASSOU da morte para a vida." João 5:24.

Desta forma, o correto seria os elaboradores da Confissão Londrina terem publicado o seguinte: O mesmo poder que CONVENCE o mundo do pecado, da justiça e do juízo é o mesmo poder que consola o salvo diante das situações da vida. Todo aquele que é um salvo é pela Graça e somente pela Graça de Deus.

Aos remidos, graça e paz!