Sabe-se que, desde o início do ministério, o talento de Charles Spurgeon para a exposição dos textos bíblicos foi considerado extraordinário. E sua excelência na pregação nas Escrituras Bíblicas lhe deram o título de O Príncipe dos Pregadores e O Último dos Puritanos. Mas quando ficamos diante de afirmações como “Cristo comprou para si próprio alguns dentre cada reino, nação e língua sob o céu! Ele redimiu dentre os homens alguns de cada classe – do maior ao menor; alguns de cada cor – brancos ou negros; alguns de cada posição na sociedade – o melhor e o pior. Para homens de todos os tipos Cristo Jesus se deu como resgate, a fim de que fossem redimidos para Ele mesmo.(CharlesSpurgeon) queremos saber se Spurgeon considerou somente o mundo particular dele próprio ou se considerou as nações de toda Terra. 

Se a última opção for a considerada pelo “Último dos Puritanos” tem-se a impressão de uma visão eurocêntrica: a de que os habitantes das Américas antes do século XVI não tinham alma. Será que Cristo só comprou para si próprio alguns dentre os Incas, Maias e Astecas somente depois que os europeus invadiram e massacraram com os povos da América, e isso somente a partir do século XVI? E o que dizer dos índios daqui do Brasil? Alguém tem notícia de alguém “escolhido” por Deus antes do século XV nas terras daqui das Américas?

Na peça A vida de Galileu, Brecht faz o físico convidar os filósofos a sua casa, para verem as luas de Júpiter com sua luneta. Mas, em vez de correrem logo para o sótão a fim de verem a maravilha, os filósofos propuseram uma discussão “filosófica” sobre a necessidade das luas... Quando Galileu lhes perguntou se não creem em seus olhos, um responde que acredita, e muito, tanto que releu Aristóteles e viu que em nenhum momento ele fala de luas de Júpiter.

Spurgeon se comportou assim: recusou ou não quis enxergar a realidade. Não olhou a vida pelas lentes da verdade. Se Cristo comprou “alguns” dentre cada reino, nação e língua sob o céu, teria que ter comprado necessariamente alguns Incas, Maias, Astecas e indígenas. E por que não o fez? Pensando assim, por que o Senhor “comprou” mais europeus que africanos? Por que comprou mais americanos pós século XVI do que asiáticos etc.? Como se pode ver, entre o que Spurgeon afirmou e a realidade existe um abismo muito grande!

Aos remidos, graça e paz! 

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