Mateus 24:37-41: “E como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dói no campo, será levado um, e deixado o outro; estando duas moendo no moinho, será levada uma e deixada a outra”.

Analogia é coisa fantástica. Sem as analogias não teríamos computador, celular, forno microondas, e toda parafernália que auxilia a amenizar as mazelas humanas. Talvez nem conhecêssemos a pólvora. É verdade! A analogia faz-nos dar um salto. Ela nos leva do conhecido ao desconhecido. Sim, é verdade: leva-nos ao mistério, oculto, às coisas grandes que ainda não sabemos. Por exemplo: você já viu uma pêra? Não? Ela é como uma maçã. Acabei de fazer uma analogia. Toda analogia concorda nas suas semelhanças. Jamais nas suas diferenças. Se sei que a pêra é como uma maçã, não posso imaginá-la quadrada. Porque sei que a maçã é ligeiramente arredondada e assim deve ser a pêra. Toda analogia concorda nas suas convergências. Jamais nas suas divergências. Se a pêra é como a maçã, não posso imaginar uma pêra cheia de sementinhas como a goiaba. Percebe-se como são importantes as analogias para o entendimento. Sábio é quem as usa.
O Senhor Jesus, sabendo que muitos desconheciam a escatologia bíblica, e até hoje continuam desconhecendo, no que se refere a sua vinda em glória, também se utilizou das analogias. Ele pegou a parte conhecida: os dias anteriores ao dilúvio, e em seguida fez com que seus ouvintes, os judeus da época, dessem um salto para o desconhecido: sua vinda em glória (lembre-se de que nenhum gentil tinha conhecimento da Palavra de Deus Sl. 147:19 e 20). “Assim como nos dias anteriores ao dilúvio...”. “Assim será também a vinda do Filho do homem”. Não focalizaremos nossa atenção sobre a negligência do vigiar dos antediluvianos nem dos que se avizinharem da vinda do Senhor. Já que estamos diante de uma analogia, se havia necessidade de vigilância lá no dilúvio, certamente há necessidade de vigilância na vinda do Senhor. Isso dá para entender pela força da analogia. O nosso olhar será sobre o “ser levado” evidente nas duas situações.
Como sempre, a força da analogia é imperiosa. Não dá para fugir da regra. “... comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento. Até o dia em que Noé entrou na arca e não o perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos”. Noé entrou na arca. O dilúvio veio e arrasou. O dilúvio levou a todos para destruição. As águas do dilúvio levaram a todos os ímpios e eles foram banidos da face da Terra. “Assim será também a vinda do Filho do homem. Dois estarão no campo: um será levado e deixado o outro”. Se a vinda do Filho do homem será como nos dias anteriores ao dilúvio, por força da analogia, não posso imaginar que quem foi levado no dilúvio foi levado para a destruição e quem será levado no dia da vinda do Filho do homem será levado para a bênção. Assim como não posso imaginar que a pêra é quadrada já que ela é como a maçã. Dois estarão no campo: um será levado análogo com as nações ímpias diluvianas, que foram levadas pelas águas para destruição, o outro será deixado análogo com Noé e sua família, que ficaram para povoar a Terra.
Os que tentam enxergar o arrebatamento da Igreja na analogia feita pelo Senhor Jesus, tentam manipular a palavra do Senhor na fabricação de suas próprias doutrinas. Se o Senhor estivesse a discorrer sobre o arrebatamento, todo o encadeamento de uma analogia seria quebrado e não teríamos entendimento nenhum. E como já dissemos, a analogia é uma ferramenta eficaz na compreensão dos objetos. Insisto, se o Senhor estivesse tratando do arrebatamento da Igreja, já não seria mistério para a Igreja, e a afirmação do apóstolo Paulo aos Corinto soaria fraca: “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos” I Co. 15. Mistério não é aquilo que está por traz, escondido, que ninguém sabe ou conhece? Se o Senhor estivesse falando do arrebatamento, o mistério a que o apóstolo Paulo se referia já não seria tão mistério o quanto parece ser. Não podemos ir além da verdade. Não podemos fantasiar as coisas.
Acho que ficou mais ou menos clara a idéia de analogia. Vamos falar agora um pouco de contexto imediato. Não vamos definir o que é contexto por uma única razão: conheço pessoas que tentaram definir o que seria contexto e acabaram por escrever um livro inteiro. Mas fiquemos cientes de que o contexto imediato da analogia feita pelo Senhor começa na pergunta dos discípulos a respeito do fim do mundo: “... Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” Mt. 24:3. Claro que os discípulos não estavam querendo saber a respeito da destruição do planeta. Deus não pode destruir aquilo que Ele criou, e perfeito. Os discípulos, é claro, estavam querendo saber a respeito do fim do governo do homem sobre a Terra. Pergunta-se: dado o arrebatamento, o que terá fim? Para aqueles que ficam sem trabalhar no sábado, pensando estarem cumprindo a lei de Moisés, tanto faz. Arrebatamento e vinda do Senhor são uma e a mesma coisa. Citam a analogia feita pelo Senhor e se perdem, não sabendo distinguir as veredas do fim. E nem precisa ir muito longe: não conseguem vislumbrar a coerência da Palavra de Deus. E junto com estes, estão mergulhados nos mares do engano e do erro muitos do chamado cristianismo. No texto citado, Mateus 24:37 – 41, o Senhor não falou sobre o arrebatamento nem poderia está falando porque ainda era mistério para a Igreja, de acordo com ICo. 15:51,52. Infelizmente, muitos para defender seu grupo religioso e para manter suas ovelhas no “prumo”, optam pelo engano ao invés de amar e defender a verdade.

0 comentários:

Postar um comentário